Quase terminou em confusão uma coletiva com uma equipe técnica do Hospital São Lucas sobre a preparação de um conjunto de 10 leitos de UTI para atender pacientes do município. A entrevista foi agendada para esclarecer boatos sobre a existência ou não desses leitos, já que não houve divulgação prévia sobre essa instalação.
A diretora do Hospital São Lucas, enfermeira Tatiani Lima, informou que estão aptos a atender a população de Lucas do Rio Verde 10 leitos de UTI clínica, 10 de UTI neonatal e 10 leitos de UTI para atender pacientes de Covid-19 do município. Segundo ela, esse último conjunto vem sendo custeado pelo município. “Somente para os luverdenses. Nós não credenciamos com o Estado porque a preocupação era o que está acontecendo hoje, essa falta de leito e a preocupação com os luverdenses”, comentou.
Além dos leitos de UTI, foram preparados também mais 22 leitos de enfermaria para atendimento de pessoas suspeitas ou confirmadas com o Covid-19.
Durante a coletiva, Tatiani esclareceu que as 10 novas unidades são para atendimento específico de pacientes com Covid-19 que não podem ser no mesmo ambiente dos leitos clínicos para não propagar o vírus. Os leitos preparados para atender exclusivamente pacientes luverdenses com a doença têm os mesmos equipamentos e contam com a mesma qualificação de profissionais dos leitos clínicos. “Só muda mesmo o nome (UTI Clínica e Covid) e estão separados em lados diferentes”, comentou.
Em relação a respiradores mecânicos, o São Lucas conta com 36 equipamentos. No início da pandemia, o hospital recebeu 9 unidades, sendo 5 adquiridas pelo município e 4 numa ação liderada pela CDL local.
A diretora explicou que os pacientes ou seus parentes podem optar pela regulação do Estado (as cidades de referência são Sinop e Sorriso) ou ocupar um dos 10 leitos de UTI, se houver disponibilidade.
Tatiani disse que não houve divulgação da preparação dos leitos de UTI em razão do temor que, Estado ou a Justiça sabendo do funcionamento das UTI’s, fizessem a requisição dos leitos para internação de pacientes de outras regiões do Estado. “O Estado pode, sim, agora, bloquear os nossos leitos. Nós não somos credenciados com o Estado, não credenciamos os leitos de UTI Covid. Nós somos credenciados, sim, para os 8 leitos clínicos adulto e os nossos clínicos neonatal. Sendo que os outros 2, para completar os 10, é para convênios e particular”, relatou.
Antes que outros representantes da Fundação Luverdense de Saúde e da ala técnica do Hospital São Lucas pudessem se manifestar a respeito dos leitos preparados para atender exclusivamente moradores do município, o empresário Pablo Artifon, que acompanhava a entrevista, pediu espaço para questionar o convênio assinado para a viabilização dos leitos. “Não vou saber a data exata (celebração do convênio). Não é uma questão de não querer ser transparente. Tudo isso é muito bom, porque a população vai saber, mas corre o risco de agora, tanto o Ministério Público, quanto o Estado, podem, se virem necessidade, vir bloquear os nossos leitos”, explicou Tatiani.
“Querem esconder a verdade do público, do brasileiro, está no país errado. Você quer estar tendo a estrutura e escondendo a possibilidade”, alegou Artifon, no momento em que a entrevista coletiva foi encerrada em meio a protestos do empresário.