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Klaus Huber, a história de um pioneiro luverdense

Chegando ao assentamento na década de 80, o paulista de nascimento trouxe consigo o que chama de 'vontade de vencer', e fez de seu coração, luverdense nato

Publicado em 11/07/2018 às 07:06
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Niklaus Huber, de 78 anos, reside em Lucas do Rio Verde/MT desde 1982 (Foto: Oliveira Neto / Portal da Cidade)

O senhor Niklaus Huber, mais conhecido como Sr. Klaus, é um dos pioneiros de Lucas do Rio Verde. Oriundo do estado de São Paulo, chegou à região na década de 80, firmando suas raízes nas terras, que até então, eram apenas um assentamento do Incra. Hoje, com 78 anos, o fundador da primeira escola no município, criada em 1982, e pai do Instituto Padre João Peter, fundado em 1988, compartilhou com o Portal da Cidade sua visão acerca de Lucas do Rio Verde, que em três décadas tornou-se referência em todo país.

Em solo matogrossense, Klaus lembra que deixou o estado de São Paulo com cerca de 40 anos, casado, em direção a terras desconhecidas e ainda sem infraestrutura na região às margens do Rio Verde, tudo em busca de uma nova história.

“[Buscava] Uma vida nova para um grupo de pessoas que se encontravam em dificuldades financeiras. Eu me ajuntei ao grupo, inclusive porque tinha parentes ali. Isso é o que me trouxe [para Lucas do Rio Verde], um início novo.” – contou o professor.

Luverdense há mais de 35 anos, para o pioneiro, o desenvolvimento do município aconteceu de forma muito acelerada, o que contribui para alguns problemas sociais que poderiam ter sido evitados com um melhor planejamento no âmbito de crescimento populacional. 

“Para mim, mesmo tendo sempre acompanhado de perto essa história, eu acho que foi um caminhar muito depressa, um desenvolvimento muito rápido, e acho até que rápido demais em certos aspectos. Graças a Deus a maioria dos administradores deu valor para a parte de infraestrutura da cidade, o que impediu a criação de áreas de muita pobreza, então a gente não pode falar em favelas. Porém, podemos falar em bairros mais pobres, que poderiam ser evitados se nós planejássemos diferente. Infelizmente, existem problemas sociais em Lucas do Rio Verde, embora seja considerada a melhor cidade de Mato Grosso” – pontuou.

Todavia, mesmo com crescimento acelerado do município, os índices ainda se apresentam de forma positiva, o que geralmente resulta em certa curiosidade quanto ao processo de desenvolvimento e angario de dados tão satisfatórios. Neste aspecto, Klaus atribui as conquistas aos ideais do povo pioneiro, que trouxeram para o município princípios de altruísmo e cooperação.

“Eu acho que [se deve] ao espírito de luta dos que vieram pra cá. Tanto o grupo de São Paulo, como o que veio do Sul, tinha muita vontade de crescer e, unido a isso, teve desde o começo uma boa estrutura de formação escolar, a parte espiritual não foi deixada de lado, a parte social e comunitária sempre acentuada como importante, tanto no sistema espiritual, quanto no educacional. A parte comunitária sempre foi estimulada, e isso criou um espírito de união, de luta e de saber que é possível vencer.” – afirmou.

Klaus Huber, pioneiro em Lucas do Rio Verde/MT

Esperança

"Isso é o que me trouxe, um início novo.”

Klaus Huber, pioneiro em Lucas do Rio Verde/MT


Como cidadão, Klaus Huber marcou o município de Lucas do Rio Verde com grandes feitos, como a implantação da primeira escola municipal, a qual é conhecida hoje como Escola Estadual Dom Bosco, cujo prédio de madeira com apenas três salas atendia os filhos dos assentados, e que, posteriormente, serviu de pontapé inicial para a produção e circulação do que se tornaria o primeiro jornal do município, o Jornal Folha Verde. Acontecimentos interligados que fascinam os amantes de história e embelezam a trajetória da cidade luverdense. Em relação a tais feitos, quando questionado sobre as conquistas obtidas em Lucas, Klaus é bonançoso:

“A gente tinha, quando viemos para cá, um ideal comunitário, um ideal social, um ideal espiritual, que não era só um início novo no sentido material. Era, de fato, um ideal que conquistamos em certos pontos e em certos aspectos não, e em outros aspectos foi plantada uma semente, que a gente espera que, talvez, um dia brote e continue crescendo. Entretanto, tem algumas coisas que não foram implantadas como a gente imaginou, foram realizadas de outro jeito, mas estão gerando o mesmo fruto, ou até melhor do que a gente pensou na época.” – afirmou o pioneiro.

Sobre Lucas, o professor afirma ser “um espetáculo morar numa cidade como essa” e saber que “participa, de fato, dessa história”. Porém, frisa que, devido à saúde, existe certo desejo de deixar o município.

“Existe certa tristeza, e certa vontade de não morar aqui por causa da monocultura que traz consigo muitos defensivos agrícolas que prejudicam a saúde e que trazem certa monotonia à vida da gente, por ser uma monocultura, ou quase monocultura.” – lamentou.

Lucas do Rio Verde recebe diariamente novos cidadãos. Com a implantação da indústria, o município quase dobrou em tamanho populacional em apenas um terço dos anos de emancipação. Com o crescimento acelerado, é possível que nos próximos 30 anos o município conte com mais de 100 mil habitantes. Ao que diz respeito ao futuro luverdense nas próximas três décadas, o pioneiro Niklaus Huber afirma não conseguir projetar, mas deixa um conselho aos atuais moradores:

“Difícil de fazer uma projeção [dos próximos anos], porque agora a tendência é se confundir como o desenvolvimento de qualquer cidade. Eu acho que agora deveria entrar um espírito novo de interiorização dos moradores, que não se fixassem demais na cidade. Evitar o crescimento absurdo, porque não é na grandeza populacional de uma cidade que ela fica forte, mas na medida em que o povo trabalha no interior do município, e torna o interior produtivo, é que seremos uma cidade forte. Evitaremos muitos problemas sociais, de infraestrutura, problemas de trânsito, se interiorizarmos o município.” – finalizou.

Klaus Huber também é fundador do Instituto Padre João Peter, cuja missão é contribuir para o desenvolvimento humano e a inclusão social por meio de ações sócio-educativas, culturais, conscientização ambiental e do fortalecimento dos vínculos familiares. Na próxima Sessão Solene, o Poder Legislativo deverá conceder Moção de Aplausos à organização, reconhecendo o relevante serviço social ao município e em homenagem aos 30 anos celebrados em 2018.


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