Portal da Cidade Lucas do Rio Verde

Superação

Paratleta de Lucas do Rio Verde encontrou no esporte a superação da vida

Cristiano Soares de Sousa é um exemplo de superação.

Publicado em 21/09/2019 às 06:31
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Cristiano Soares de Souza, paratleta de Lucas do Rio Verde. (Foto: Reprodução: Arquivo pessoal.)

Hoje (21) de setembro é o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, um dia para refletir sobre as pessoas com  algum tipo de deficiência que  são motivadas a lutarem pela construção de uma sociedade inclusiva, onde podem viver de forma igualitária e sem preconceitos.

No Brasil milhares de pessoas com algum tipo de deficiência enfrentam todos os dias várias dificuldades. Além de suas limitações, se enquadrar na sociedade é um processo difícil. 

Para falar um pouco mais deste assunto, o Portal da Cidade entrevistou o paratleta Cristiano Soares de Sousa, de 28 anos, um jovem que sonhava em ser jogador de futebol. Em 2015 a sua história mudou. Após um grave acidente Cristiano sofreu  diversas fraturas, a mais grave foi na perna esquerda. Por complicações, o membro teve que passar por uma cirurgia, onde uma parte, bem abaixo do joelho, teve que ser amputada. 

“Foi numa viajem que eu fiz para o Ceará. Eu estava de motocicleta quando um condutor alcoolizado perdeu o controle do veículo e me atingiu. Pra mim foi muito difícil aceitar tudo isso, eu tinha um sonho de ser jogador de futebol, e de repente eu acordo vivendo uma realidade totalmente diferente”

Nos primeiros meses após o acidente, Cristiano sofreu muito até se adaptar com a realidade.

“Minha mãe me dava banho porque eu não conseguia ficar em pé, sentia muita dor. Eu dormia com ela, por conta das minhas limitações. Naquele momento eu me sentia muito mal, era humilhante pra mim depender de outras pessoas”

Enquanto se recuperava do acidente, Cristiano buscava a todo o instante sair daquela situação. Depressivo e com vários problemas, na internet ele encontrou centenas de pessoas que passaram pelo mesmo problema.

“Eu encontrei no esporte a minha salvação! Digo isso pois eu estava depressivo, sofrendo muito. Quando eu comecei a participar, a treinar era como se eu estivesse voltando a viver, eu tinha motivos novamente para acordar todos os dias. Através de pesquisas pela internet eu pude perceber que milhares de pessoas, assim como eu, praticavam esportes”

Em 2017, Cristiano então decidiu se inscrever para a Corrida da Água, que acontece em Lucas do Rio Verde. Foi a primeira competição após o acidente. 

“Faltava exatamente um mês para a corrida, eu não havia treinado ou me preparado para esta competição, eu ainda estava fraco, andava com muletas e nem cadeira de rodas eu tinha. Foi quando eu consegui uma cadeira de rodas do Rotary Club, e consegui participar. Eu estava feliz, porém durante o percurso eu me senti mal por estar sendo empurrado, aquilo pra mim me deixou numa situação novamente humilhante, mas eu dependia disso”

Cristiano mora sozinho em Lucas do Rio Verde, a família continua no Ceará. Ele diz que gosta muito da cidade, participa sempre das competições, mas também sonha alto, busca competir em grandes corridas em outros estados, e também fora do país.

“Meu sonho é representar o Brasil! É um sonho um pouco louco mas não é impossível. Agora o meu objetivo principal e meu desejo é conseguir as próteses para que eu consiga levar uma vida normal, poder andar sem dificuldade, e também poder competir sem as muletas ou cadeira de rodas”

Em meio a tantos sonhos e superação, Cristiano também espera um pouco mais de valorização e respeito pela sociedade. Segundo ele só quem está nesta situação, sabe o quanto é difícil se incluir novamente.


“O que eu espero da sociedade é mais respeito com os cadeirantes, e com as pessoas com algum tipo de deficiência. Eu não tenho carro, ando de ônibus, mesmo sendo um portador de necessidade especial muitas vezes não tenho um lugar para sentar, algumas pessoas não respeitam. Tenho dificuldades para ir em órgãos públicos, a rampa existe, porém tenho dificuldade até mesmo em abrir a porta para entrar, então muita coisa precisa mudar ainda”

Preconceito

“As pessoas dizem que não tem. Falam bonito, e postam mensagens dizendo que se importam, mas são poucos que se importam de verdade. Eles olham diferente, e a gente sente esses olhares. É muito difícil! É difícil pelas limitações que temos, e mais difícil ainda, é se enquadrar na sociedade novamente”

A criação do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência foi uma iniciativa do Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes (MDPD), grupo que debate propostas de transformações sociais em prol das pessoas com deficiência desde 1979.

Esta data foi criada com o objetivo de conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. 

Uma data importante também, é o dia 22 de setembro, que é comemorado o Dia Nacional do Atleta Paralímpico. Esta data visa homenagear, apoiar e divulgar todo o trabalho dos atletas paralímpicos, e pôr em evidência todas as necessidades, reivindicações e lutas enfrentadas pelos esportistas brasileiros com deficiência.

Cristiano Soares de Sousa, Paratleta de Lucas do Rio Verde

Persistência

A mensagem que deixo, é que não desistam dos seus sonhos. Muitas pessoas vão dizer que você não vai conseguir, outras vão te motivar a superar qualquer dificuldade. Eu me sinto feliz, pois sei que através da minha superação eu consigo motivar outras pessoas, é assim que eu me sinto, superei a mim mesmo, quando superei a própria vida”

Cristiano Soares de Sousa, Paratleta de Lucas do Rio Verde

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