Após 15 anos de serviços de
acolhimento humanitário prestados à sociedade de Lucas do Rio Verde, o Lar Bom
Samaritano informou hoje pela manhã (quinta-feira, 31) que está encerrando suas
atividades por falta de recursos financeiros. O anúncio foi feito em entrevista
coletiva concedida pela presidente da entidade, Suzana Zuffo, e pela 1ª Secretária,
Kelly Piccini.
A renda que mantinha o Lar
em funcionamento sofreu redução desde que o Poder Público deixou de repassar os
recursos de auxílio para custear a acolhida de pessoas encontradas nas ruas da
cidade. A alegação do Poder Público, informam as diretoras da casa, é que o estatuto
e o plano de ação não estariam em acordo com a legislação em vigor e, por isso,
deveriam passar por adequações para que o Lar Bom Samaritano pudesse continuar
a receber apoio municipal.
“Nós fomos notificados e
não procedemos dentro do prazo, mas não deixamos de responder. Respondemos a
notificação, fizemos o protocolo de nosso plano de ação, segundo rege nosso
estatuto (...) foi-nos exigido que fossem mudados pontos em nosso estatuto, mas
isso não se faz de uma hora para outra. Não nos negamos a mudar o que for
necessário, no entanto, isso exige um tempo”, comentou Kelly.
No entanto, ela ressalta que
a casa trata de pessoas em alto risco e vulnerabilidade social e que trâmites
burocráticos não podem superar a questão humanitária que envolve a situação: “Se
a lei exige, então que se cumpra, mas estamos falando de uma questão
humanitária que não pode ser pautada apenas pela burocracia. Vejo que há falta
de sensibilidade por parte de alguém que acaba por jogar fora todo o trabalho
desenvolvido ao longo desses 15 anos (...) afinal de contas, para onde estas
pessoas atendidas aqui vão agora se não para a rua?”.
Em resposta, a Secretaria
de Assistência Social do município argumenta que houve um aviso a todas as
entidades que recebem subvenção do Poder Público para que encaminhassem sua
documentação até o último dia 21 de novembro. A data, segundo a secretária
Lucileide Gurka, foi estipulada para que houvesse tempo hábil à Prefeitura de
avaliar a documentação e encaminhar à Câmara de Vereadores o Projeto de Lei
indicando os recursos que serão destinados ao longo do ano para estas
instituições.
“No caso do Lar Bom
Samaritano a documentação exigida não foi protocolada dentro do prazo e isso
acabou causando todo este transtorno. Não se trata de uma negativa da
Prefeitura ou de quem quer que seja, mas porque faltou a documentação e não nos
foi possível dar o encaminhamento necessário”, disse a secretária.
A secretária ainda
comenta que o Conselho de Assistência Social do município “vem fazendo
notificações desde o último mês de agosto para que as entidades assistenciais
realizem ajustes e façam as mudanças necessárias. É de nosso interesse que haja
continuidade no trabalho, mas temos que fazer tudo dentro da legalidade”.