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ESQUECIDOS

Conheça alguns heróis negros esquecidos pela História do Brasil

Advogados, jornalistas, médicos, professores e engenheiros que ajudaram a construir um Brasil melhor, mas foram esquecidos por parte da historiografia

Publicado em 20/11/2018 às 03:44

André Rebouças, o maior expoente da engenharia de seu tempo, sequer é citado em artigos que falam do Dia da Consciência negra no Brasil. Abolicionista, morreu exilado após o Golpe da República de 1889 (Foto: Reprodução)

No Dia da Consciência Negra, o Portal da Cidade homenageia negros que, a despeito de tudo, ajudaram a construir um país melhor do que aqueles que encontraram quando nasceram. São homens que venceram preconceitos e barreiras econômicas para figurar entre os maiores expoentes da intelectualidade brasileira, mas que, por motivos ideológicos, são pouco citados como exemplos.

Afonso Henriques de Lima Barreto. Escritor carioca, nasceu aos 13 de maio de 1881 e faleceu em 1 de novembro de 1922. Negro, Lima Barreto era filho de um tipógrafo e de uma professora; foi jornalista e escritor e, testemunha ocular do golpe de Estado que proclamou a República no Brasil. Ainda hoje é considerado um dos maiores expoentes da literatura nacional e obras como Triste Fim de Policarpo Quaresma,  Marginália e Vida Urbana ainda são muito populares. Caiu no ostracismo ao longo de quase todo século XX por se opor e denunciar em suas obras os abusos cometidos contra os negros pelas tropas republicanas de Floriano Peixoto.

José Carlos do Patrocínio, intelectual fluminense, nascido em Campos dos Goytacazes em 9 de outubro de 1853  e falecido no Rio de Janeiro (29 de janeiro de 1905) exerceu muitas atividades: foi farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político. Ganhou destaque por seu pensamento liberal e por engajar-se em movimentos abolicionistas; também foi líder da Guarda Negra, movimento paramilitar formado por ex-escravos que entravam em confronto aberto contra defensores da manutenção do sistema escravagista no Brasil. Por sua postura, embora defensor da República, se tornou grande amigo da Princesa Isabel e do Imperador Dom Pedro II.

Dom Obá II D'África (Lençóis, 1845 — 1890). Sua Alteza, nascido e batizado com o nome de Cândido da Fonseca Galvão, foi oficial do Exército Imperial e nobre brasileiro que tomou voluntariamente parte na Guerra do Paraguai. Seu avô era o Rei Abiodun, da nação Oyo, na África. Por seus atos heroicos e por sua bravura, foi condecorado no final da guerra e se tornou amigo de Dom Pedro II e de outras figuras proeminentes da Corte, como Machado de Assis e Joaquim Nabuco. Além disso, se destacou por sua luta aberta em favor do abolicionismo e contra o racismo. Teve seu nomes esquecido pela História do Exército e pelos historiadores positivistas por ser abertamente defensor da monarquia e contra o regime republicano.

Theodoro Fernandes Sampaio, nascido na Bahia, em Santo Amaro da Purificação (7 de janeiro de 1855) e falecido no Rio de Janeiro aos 11 de outubro de 1937. Sua produção intelectual compreende áreas como engenharia, geografia, literatura e história. Filho de escrava e de um padre o engenheiro Sampaio foi desenhista do Museu Nacional, escreveu cartas topográficas e integrou um grupo de estudos que avaliou a importância dos bandeirantes na constituição do território brasileiro. Notabilizou-se pela defesa da abolição, pela luta contra o preconceito racial e tornou-se amigo de Dom Pedro II, que o nomeou para compor a “Comissão Hidráulica” e fez relevantes análises sobre as potencialidades econômicas do Rio São Francisco.

Além desses, outros nomes como os de Manoel Querino (jornalista), Martagão Gesteira (médico pediatra), André Rebouças (engenheiro), Tobias Barreto (jurista) e Luis Gama (escritor) também merecem citação. Todos eles foram grandes defensores do abolicionismo, destacaram-se por defender as liberdades individuais e tiveram seus nomes gravados na História Nacional.

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