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Agricultura familiar de Lucas fornece 60% da merenda escolar do município

Fornecimento ao município representa aproximadamente 15% da renda mensal das famílias de agricultores envolvidas no programa.

Publicado em 28/08/2018 às 21:57
Atualizado em

Vital Baran, agricultor (Foto: Portal da Cidade)

Quem vai às escolas públicas de Lucas do Rio Verde durante o período do recreio pode não perceber, mas está visualizando dentro de cada prato fornecido aos alunos da rede de ensino do município uma cadeia produtiva que envolve o trabalho de centenas de pessoas todos os dias e movimenta uma economia superior a R$ 1,2 milhão por ano.

Tudo começa no chão das pequenas propriedades rurais que cercam a cidade, onde 10 famílias de chacareiros produzem frango, leite, alface, tomate, mandioca, couve, pepino, abóbora e outros produtos. As famílias, além de produzirem para alimentar os estudantes da rede de escolas públicas de Lucas do Rio Verde, também comercializam com os supermercados e comerciantes do município.

Do chão da chácara


Vital Baran, proprietário de uma chácara de 2,5 hectares às margens do perímetro urbano da cidade há uma década, participa pela segunda vez do grupo de agricultores contribuintes do sistema de merenda escolar. “Aqui nós produzimos de tudo, mas para as escolas enviamos semanalmente alface, rúcula e couve. O que conseguimos com a entrega para a Prefeitura ajuda na renda e representa algo em torno de 10% a 15% do que tiramos por mês aqui da chácara [...] a maior parcela do que conseguimos ainda vem da venda direta para os supermercados. Não dá para ficar rico, mas conseguimos sustentar a família”.

Cardápio saudável
Depois de colhidos e limpos, os agricultores encaminham seus produtos para a Padaria Municipal, que centraliza e administra a distribuição diária para as cozinhas de cada uma das 17 unidades escolares. Depois de recebidos, os itens da merenda são preparados para alimentar 10,5 mil alunos, em dois turnos. As escolas que mais demandam alimentos para a merenda são a Vinícius de Moraes, que conta com 1,2 mil alunos matriculados e a Cecília Meireles, que conta com 1,1 mil crianças.

60% da merenda escolar do município é fornecida pela agricultura familiar (Foto: Portal da Cidade)

“Aqui preparamos o cardápio levando em consideração algumas especificidades. Temos que dar atenção àquilo que a região é capaz de produzir, às necessidades nutricionais dos estudantes e à média de idade das crianças em cada unidade educacional. No mínimo dois dias por semana, dentro de nossas escolas, oferecemos comida para as crianças, em outro dia oferecemos frutas, criando dessa forma uma dieta balanceada [...] só que para isso funcionar, todo o sistema precisa funcionar muito bem, desde a chácara onde esses ingredientes são cultivados até o prato de cada criança na hora do recreio”, conta Rosália Bragagnolo, nutricionista responsável pelo cardápio da merenda escolar das escolas públicas da rede municipal de ensino de Lucas do Rio Verde há sete anos.

Desempenho em sala de aula
O Professor João Edson de Souza, Diretor da Escola Municipal Menino Deus, avalia que “o desempenho educacional dos alunos de nossas escolas municipais é extremamente favorecido graças à dieta que é oferecida na merenda escolar. Isso pode ser visto de diversas maneiras: em primeiro lugar dentro da própria sala de aula, no aprendizado de cada um; em segundo lugar, porque eles levam os hábitos alimentares que desenvolvem aqui para dentro de casa, melhorando a qualidade de vida de sua família, e; também, porque nossa grade curricular prevê que eles saibam como este alimento chega às mesas de cada casa. Tudo isso faz com que eles entendam o tamanho da relevância da agricultura familiar para o sustento da sociedade. É extremamente difícil mensurar o prejuízo que teríamos se o merenda escolar com essa qualidade fosse retirada, mas, sem dúvida, seria muito grande”.


Um pouco de história
O programa de merenda escolar vigente no Brasil tem como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que prevê que todas as pessoas têm o direito de viver livre da fome. A partir de 1954, o Ministério da Educação – MEC – tem um programa específico voltado a incentivar e fomentar a alimentação dos estudantes nas escolas da rede pública de ensino.

Com a descentralização do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE – ocorrido entre os anos de 1993 e 1998, os municípios passaram a se responsabilizar pela aquisição e distribuição dos itens que compõem o cardápio que compõe a lista de alimentos servidos aos estudantes.

Segundo prevê o PNAE, cada aluno deve receber uma porção de alimento diário na escola onde estuda que corresponda a, no mínimo, 15% de suas necessidades nutricionais diárias.

Segundo dados do MEC, em todo o Brasil 37 milhões de estudantes são atendidos com os investimentos feitos pelo PNAE, que hoje ultrapassam o total de R$ 126 milhões por ano.

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