O caso do roubo à carreta e as
horas de tensão sobre o paradeiro do motorista Ivan “Bradock”, registrados pelo
Portal da Cidade ontem (quarta-feira, 13), chamou a atenção para um recorrente
problema nacional: o roubo a cargas e caminhões nas estradas brasileiras.
Estima-se que, apenas em 2018,
quadrilhas especializadas a roubos de cargas e caminhões tenham gerado um
prejuízo de R$ 1,57 bilhão ao Brasil. O número vem crescendo desde 2009, quando
o cálculo sobre os custos deste tipo de modalidade criminosa indicou que R$ 900
milhões, com 13,3 mil ocorrências registradas naquele ano, segundo dados
oferecidos pelo Setcesp – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São
Paulo.
TRISTE POSIÇÃO - Os Números põem o Brasil entre os piores e mais
inseguros países do mundo para se transportar mercadorias. Dados divulgados
pelo Comitê de Transportes de Carga do Reino Unido, pela Firjan - Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro e pela SSP-SP – Secretaria de Segurança
Pública do Estado de São Paulo, ele está na sexta posição do ranking mundial de
países com maior número de roubo a cargas do planeta, ficando atrás apenas de
Síria, Líbia, Iêmen, Afeganistão, e Sudão do Sul. Fora o Brasil, todos os
demais países da lista passam por pobreza extrema ou guerras civis. (VEJA GRÁFICO NO FINAL DA MATÉRIA)
Embora tenha sido registrada a
diminuição de ocorrências, São Paulo e Rio de Janeiro continuam a ser os
estados onde este tipo de crime mais ocorre, principalmente porque as cargas
tornam-se moeda de troca dos traficantes com donos de empresas que se
aproveitam do preço abaixo do mercado para lucrar com o comércio ilegal dos
produtos roubados.
CPI - O tema tem gerado tanta preocupação que, entre 2000 e 2002, o
Congresso Nacional manteve em atividade a CPI do Roubo de Cargas, que indiciou
180 pessoas, incluindo um Deputado Federal. Conforme o relatório final, votado
e aprovado pelo Parlamento em dezembro de 2002, 40 dos indiciados tinham
ligação direta com o crime organizado.
A partir da constatação do aumento do número de cargas roubadas a partir de então, as seguradoras têm aumentado o custo dos seguros cobrados das transportadoras, que é repassado ao valor do frete pago pelos empresários. O roubo a cargas criou, inclusive, uma nova modalidade de seguro: o serviço de escolta especializado, onde veículos com seguranças fortemente armados acompanham carretas e caminhões pelas estradas, até o seu destino final.