Relatório divulgado esta semana pelo Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - indica que o preço do leite nos supermercados corre o risco de sofrer alta nos próximos meses e continuar pressionado ao longo de todo o ano de 2020. A variação está atrelara a fatores paralelos à produção do leite, como aumento da cotação do soja e do milho no mercado internacional e, também, pelo aumento da demanda por carne bovina, principalmente por parte dos países do sudeste asiático.
No caso do milho, por exemplo, o relatório indica que há dois fatores relevantes em jogo: em primeiro lugar, o cereal brasileiro tem ganhado mercados no exterior antes dominados pelos Estados Unidos e, em segundo plano, o crescimento do mercado interno com o surgimento das usinas de produção de etanol, principalmente em Mato Grosso.
Já o farelo de soja o aumento no preço também está atrelado ao mercado externo. Muitos produtores têm comercializado o produto no mercado internacional e, assim, contribuído para que o preço interno siga a mesma tendência, precisando concorrer com consumidores que pagam em dólares ou euros.
Além destes dois fatores, alguns pecuaristas aproveitaram a onda de aumento no preço da carne para aumentar o volume de abates e, com isso, renovar o plantel em suas propriedades. Como menos fêmeas à disposição para a produção de leite e nenhuma redução da demanda, o preço do litro tende a aumentar, explicam os responsáveis pelo documento: “Também se deve levar em conta que, dada a alta nos preços dos bezerros, é possível que produtores de leite invistam na criação destes animais e passem a destinar maior parte da produção de leite para a sua alimentação”.