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OPINIÃO

Debate Americano e o Salário Mínimo: Mundo x Brasil

A ideia não é polemizar, mas é demonstrar o quanto o nosso salário mínimo é irrelevante para o mundo e para qualquer tipo de comparação

Publicado em 26/10/2020 às 21:41

(Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Ontem foi uma noite muito interessante do ponto de vista político e econômico, tivemos o último debate da corrida americana pela Casa Branca, um debater com muitas informações e troca de acusações, como já esperado e que demonstrou que quando se trata de buscar o poder, seja em um país desenvolvido ou subdesenvolvido o modo de agir dos candidatos são parecidos, baixarias e acusações o tempo todo e poucas propostas. 

 Mas, um assunto realmente me chamou a atenção, é claro havia assuntos mais importantes talvez e com certeza a maioria da população pode dizer que sim, mas em determinado momento, quando o ex vice presidente Joe Biden se referiu aos profissionais que estavam na frente de atuação contra o Covid-19, este disse que o projeto dele é subir o salário mínimo atual dos Estados Unidos de US$ 7,25 por hora para US$ 15,00 por hora, para estes profissionais que tanto merecem e que tanto sofreram no campo de batalha da saúde, que mereciam este reajuste e que é possível chegar a isto. 

 Na hora me veio o pensamento do Brasil, é impossível não comparar, somos brasileiros e amamos a nossa terra, mas por alguns minutos o debate transcorria, mas minha mente fazia cálculos observando as falas dos dois postulantes ao maior cargo político e de poder do mundo. Em uma média de R$ 5,50 fazendo a conversão do dólar, um americano ganha por hora trabalhada como piso salarial do país R$ 39,88 e se contarmos que estes americanos trabalham em média 08 horas por dia, assim como no Brasil, previsto em nossa legislação, temos um valor da jornada dia de R$ 319,00, em uma média de 22 dias úteis teremos o valor de R$ 7.018,00.

 A ideia não é polemizar, mas é demonstrar o quanto o nosso salário mínimo é irrelevante para o mundo e para qualquer tipo de comparação, e como disse o postulante a presidência da Casa Branca, este valor ainda pode aumentar, com isto podemos fazer várias análises, aquele brasileiro que passa por sufoco e por humilhação para fazer a travessia com os famosos “coiotes” pelo sonho americano, o nosso poder de compra quando saímos do Brasil se torna absurdamente enfraquecido, mesmo em países latinos, pela nossa deflação salarial e cambial.

 Como disse, o tema é bem interessante, e ai com a curiosidade despertada me atentei a dar uma olhada no salário mínimo dos nossos Hermanos, e apresento aqui alguns dados para que possam tirar as próprias conclusões, tudo convertido em reais (R$), Argentina R$ 1.185,56; Chile R$ 1.771,92; Bolívia R$ 1.184,00; Peru R$ 1.167,75 e Colômbia R$ 1.089,93.

 É importante lembrar que até então onde estamos o Brasil é a economia mais desenvolvida latino americana, que briga diretamente com México e Chile pela liderança dentro dos latinos, mas que pela sua população e produção de alimentos mundial, temos a vantagem e o reconhecimento de ser a melhor economia desta parte do continente.

 A pergunta que se pode fazer a partir disto é o seguinte, como pode um país da envergadura do Brasil e da potência que é ter um salário mínimo menor que países menos desenvolvidos? Sinceramente não há explicação, pois poderia apresentar várias hipóteses aqui e ficar dias e dias falando dos problemas existentes no país.

 O problema maior neste momento de eleições tanto americanas quanto brasileiras, é que vão aparecer vários candidatos que não tem a noção disto e vão prometer reajuste do salário mínimo ou uma vida melhor, sem pensar no básico, que é um salário mínimo decente para toda a população além das necessidades básicas do ser humano.

 

Ederaldo Lima - Doutorando em Ciências Contábeis - FUCAPE e Membro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC. Membro do Conselho de Contribuintes do Estado de Mato Grosso, Professor do SENAI/FATEC.

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