Em entrevista concedida ontem (segunda-feira, 11), a
ministra da Agricultura, Tereza Cristina, voltou a dizer que a proposta do
Governo Federal em acabar com a política de subsídios agrícolas não será
implantada de uma só vez, mas de maneira gradual e pensando em cada grupo que
envolve o setor, suas consequências e formas de amenizar possíveis perdas.
Fazendo uma comparação à pecuária, ela disse que “mesmo que
façamos o desmame, isso não pode ser feito de maneira radical, de forma abrupta
e sem pensar nas consequências imediatas que a medida pode acarretar. Não
podemos chegar para o agricultor, que espera pelo financiamento, e dizer: o
dinheiro acabou! Isso seria desastroso”.
Ela lembrou que, para a última safra, foram destinados R$
197 bilhões de recursos federais em crédito e argumentou que o Banco do Brasil
ainda representa 46% da fonte de financiamentos ao setor agropecuário nacional.
“Antes de falarmos em terminar com este tipo de prática, temos que oferecer aos
agricultores e pecuaristas fontes alternativas de financiamento, pois sem estes
recursos nosso agronegócio deixa de crescer (...) temos que lembrar que o
agronegócio representa 20% de todo nosso PIB”.
Tereza Cristina comentou que existe um grupo de trabalho já
em atividade que conta com a participação de especialistas do Banco Central,
técnicos do Ministério da Agricultura e representantes do Ministério da Fazenda.
Eles têm até maio, data da próxima reunião do CMN – Conselho Monetário
Nacional, para apresentar as conclusões de seus estudos e apontar possíveis
soluções para o tema.
MODERFROTA – A maior
preocupação do setor agropecuário brasileiro tem sido quanto à política de
financiamento à modernização da frota de máquinas e implementos agrícolas para
as propriedades rurais.
Segundo Carlos
Simon, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Lucas do Rio Verde
(MT), “a maior preocupação do produtor, hoje, é com a Moderfrota. A cada ano
que passa, a agricultura vai se tornando mais especializada e dependente de
tecnologia própria para avançar em eficiência e produtividade. Esse tipo de
investimento é caro para todos, do pequeno ao grande, e não pode ser bancado
sozinho ou a juros altos, pois isso inviabilizaria a produtividade e geraria um
problema extremamente grave de abastecimento em muito pouco tempo”.