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ENTENDIMENTO

O que a visita de Bolsonaro a Trump representa para o agronegócio mundial?

Acordos setoriais podem iniciar caminhada para o livre-mercado e a formação de uma Câmara de Comércio para o agronegócio no futuro

Publicado em 18/03/2019 às 02:00

Encontro entre os dois presidentes poderá promover o início das negociações para a construção de uma política de livre-mercado (Foto: Reprodução)

O encontro dos presidentes de Brasil e Estados Unidos tem sido aguardado com muita expectativa pelos agricultores de ambos os países. Os dois governantes têm apontado, em seus discursos recentes, para tendências a reduzir disputas comerciais e a engenharia de ações ao redor de interesses centrais, sem levar em conta, inclusive internacionais de mercado e acordos firmados no Mercosul.

MERCOSUL – O Mercosul é, inclusive, um dos pontos que serão abordados entre os dois presidentes. Segundo as regras do bloco sul-americano, para que o Brasil caminhe para um tratado de livre-comércio com Washington, precisa levar a decisão para uma discussão em bloco, o que torna as negociações mais difíceis. Como argumento para solucionar o problema, o Itamaraty lembra que Argentina, Paraguai e Uruguai já haviam buscado aproximações bilaterais com os EUA anteriormente, mas não avançaram.

UNIÃO EUROPEIA – Tanto Bolsonaro quanto Trump buscam acordos com a União Europeia. Para o Brasil as negociações já duram mais de 20 anos, mas pararam de avançar durante os governos de Lula e Dilma por questões referentes à tarifação e regulamentações, sendo retomadas em 2018. No tocante aos Estados Unidos, além do comércio de produtos agropecuários, há interesses comuns no setor de tecnologia.

AGROPECUÁRIA – O centro das atenções no encontro será a agropecuária. Os dois países são agroexportadores e a relação tem apresentado diversos pontos de divergência, como no caso da tarifação do etanol produzido nos Estados Unidos (leia matéria aqui) e no comércio da carne suína e bovina in natura, que depende de laudos fitossanitários.

ACORDOS SETORIAIS – Na trilha para a construção de um eventual acordo de livre-comércio futuro, Brasil e Estados Unidos se moverão para a formalização de acordos setoriais. Dentre os acertos mais aguardados por empresários norte-americanos e brasileiros está o dos “Trusted Trades”, que reduz a carga burocrática para empresas cadastradas como “confiáveis” dos dois países, ou seja, empresas que exportam e importam com frequência, sem apresentar problemas, reclamações ou representações por atrasos, complicações ou má qualidade nos produtos entregues.

ACORDO – Um eventual acordo entre os dois países na área do agronegócio cria as condições para que os dois países desenvolvam, em um futuro a ser perseguido, a maior Câmara de Comércio do Agronegócio do planeta, como a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo – é no setor de combustíveis.

Juntos, os dois países representam 18% de todo o mercado internacional ligado ao agronegócio, são os dois maiores produtores e exportadores de soja do planeta, possuem mercados internos equivalentes a quase US$ 4 trilhões, representando 10% do PIB dos EUA e 20% do PIB brasileiro; são os dois maiores produtores de carne bonina do planeta, com 21,5 milhões de toneladas ao ano, além de terem algumas das maiores e mais rentáveis empresas de agronegócio do mundo.

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