O encontro dos presidentes de
Brasil e Estados Unidos tem sido aguardado com muita expectativa pelos
agricultores de ambos os países. Os dois governantes têm apontado, em seus
discursos recentes, para tendências a reduzir disputas comerciais e a
engenharia de ações ao redor de interesses centrais, sem levar em conta,
inclusive internacionais de mercado e acordos firmados no Mercosul.
MERCOSUL – O Mercosul é, inclusive, um dos pontos que serão
abordados entre os dois presidentes. Segundo as regras do bloco sul-americano,
para que o Brasil caminhe para um tratado de livre-comércio com Washington,
precisa levar a decisão para uma discussão em bloco, o que torna as negociações
mais difíceis. Como argumento para solucionar o problema, o Itamaraty lembra
que Argentina, Paraguai e Uruguai já haviam buscado aproximações bilaterais com
os EUA anteriormente, mas não avançaram.
UNIÃO EUROPEIA – Tanto Bolsonaro quanto Trump buscam acordos com a
União Europeia. Para o Brasil as negociações já duram mais de 20 anos, mas
pararam de avançar durante os governos de Lula e Dilma por questões referentes
à tarifação e regulamentações, sendo retomadas em 2018. No tocante aos Estados
Unidos, além do comércio de produtos agropecuários, há interesses comuns no
setor de tecnologia.
AGROPECUÁRIA – O centro das atenções no encontro será a
agropecuária. Os dois países são agroexportadores e a relação tem apresentado
diversos pontos de divergência, como no caso da tarifação do etanol produzido
nos Estados Unidos (leia matéria aqui) e no comércio da carne suína e bovina in
natura, que depende de laudos fitossanitários.
ACORDOS SETORIAIS – Na trilha para a construção de um eventual
acordo de livre-comércio futuro, Brasil e Estados Unidos se moverão para a
formalização de acordos setoriais. Dentre os acertos mais aguardados por
empresários norte-americanos e brasileiros está o dos “Trusted Trades”, que
reduz a carga burocrática para empresas cadastradas como “confiáveis” dos dois
países, ou seja, empresas que exportam e importam com frequência, sem
apresentar problemas, reclamações ou representações por atrasos, complicações
ou má qualidade nos produtos entregues.
ACORDO – Um eventual acordo entre os dois países na área do
agronegócio cria as condições para que os dois países desenvolvam, em um futuro
a ser perseguido, a maior Câmara de Comércio do Agronegócio do planeta, como a
OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo – é no setor de
combustíveis.
Juntos, os dois países representam 18% de todo o
mercado internacional ligado ao agronegócio, são os dois maiores produtores e
exportadores de soja do planeta, possuem mercados internos equivalentes a quase
US$ 4 trilhões, representando 10% do PIB dos EUA e 20% do PIB brasileiro; são
os dois maiores produtores de carne bonina do planeta, com 21,5 milhões de
toneladas ao ano, além de terem algumas das maiores e mais rentáveis empresas
de agronegócio do mundo.