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Os riscos da não vacinação em época de pandemia - por Ana Carina Effting

Em tempos de coronavírus não podemos nos descuidar com as outras vacinas

Publicado em 12/05/2020 às 00:09

Quando deixamos de vacinar crianças, estas ficarão prejudicadas devido à desatualização de seu calendário vacinal (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Vivemos tempos desafiadores em relação à saúde. Em 2019 passamos por um surto de sarampo. Outras doenças que já estavam erradicadas também ressurgiram devido à baixa cobertura vacinal. E nesse cenário surge um novo vírus, o coronavírus, que acende o sinal de alarme pelo seu grande poder de disseminação e contágio. Várias estratégias foram criadas para evitar a disseminação deste, mas pouco pôde ser feito para controlar a propagação, e em março de 2020 a OMS declarou situação de pandemia mundial por Covid-19. 

Após este fato muito se discutiu sobre a vacinação rotineira de crianças num cenário de distanciamento social vigente.

O isolamento social reduz a transmissão não somente do SARSCoV-2 mas também de outros patógenos. Entretanto, quando deixamos de vacinar crianças, estas ficarão prejudicadas devido à desatualização de seu calendário vacinal, e também haverá impacto nas coberturas vacinais de toda população, e quando voltarmos às rotinas isso pode ser um grande problema de saúde pública. A não vacinação de rotina expõe ao risco a saúde de todos, especialmente em relação à situação epidemiológica do sarampo, febre amarela e coqueluche, que já era vivenciada anteriormente à pandemia do COVID-19.

Em tempos de coronavírus não podemos nos descuidar com as outras vacinas 

Devemos tomar todas as medidas de segurança para evitar a disseminação do coronavírus, sim! Mas não podemos deixar nossas carteirinhas de vacinas e as carteirinhas das crianças esquecidas na gaveta. É um momento delicado no qual todo cuidado deve ser redobrado para que outras doenças não voltem a nos prejudicar.

Os números de mortes pela nova pandemia são assustadores, não há dúvidas de que trata-se de uma doença respiratória grave para a qual infelizmente ainda não há vacina. Além disso, estamos chegando na estação do ano quando mais se tem infecções respiratórias, inverno em uma parte do país e clima seco na outra. Nesta época, temos maior circulação do vírus da influenza. Esse tem vitimado várias pessoas em todo o mundo, e os números de mortes durante o surto de H1N1em 2009 foram assustadores. Para este vírus já temos vacina disponível, porém, tanto no PNI como na rede privada observamos baixa cobertura vacinal, ou seja, uma pequena parcela da população procurou se vacinar.

A OMS estima que aconteçam cerca de 1 bilhão de casos de gripe todos os anos no planeta, e o número de mortes varia de 291 mil a 646 mil casos. No Brasil, de acordo com informações preliminares do Ministério da Saúde, até 29 de fevereiro de 2020 foram registrados 90 casos, com 6 mortes.

Podemos lembrar também da Pneumonia, uma doença respiratória grave, que pode trazer várias consequências, até mesmo levar ao óbito. Felizmente para as doenças pneumocócicas já temos vacinas muito eficazes, tanto na rede publica, a Pneumo 10, quanto na rede privada, que conta com as vacinas Pneumocóccica 13valente e Pneumocóccica 23valente.

Outro problema grave em curso no Brasil desde 2019 é o Sarampo. Uma doença que já estava erradicada e devido à baixa cobertura vacinal voltou a prejudicar nossa população. Isso acontece principalmente à disseminação de má informação, como é o caso dos grupos antivacinas. Esses movimentos contrários à vacinação têm prejudicado a população através de disseminação de notícias baseadas em crenças e ideologias. Eles não levam em consideração os dados epidemiológicos e científicos de estudos realizados ao longo de vários anos comprovando a eficácia das vacinas e a redução de casos de doenças em populações vacinadas. Em 2020 já foram confirmados 338 casos de sarampo em 8 unidades da federação: São Paulo 136 (40,4%), Rio de Janeiro 93 (27,3%), Paraná 64 (19,0%), Santa Catarina 22 (6,5%), Rio Grande do Sul 11 (3,3%), Pernambuco 7 (2,0%), Pará 4 (1,2%) e Alagoas 1 (0,3%). Atualmente 10 estados (incluindo Minas Gerais e Bahia com casos confirmados de 2019) estão com circulação ativa do vírus do sarampo.

Diante de todos estes dados fica muito clara a importância de não pararmos a vacinação contra outras doenças durante a pandemia, pois corremos o risco de enfrentar novos surtos de doenças que já não nos preocupavam mais. Ao postergar a vacinação estamos contribuindo para a circulação de vários patógenos, mesmo com o isolamento social que vivenciamos.

Portanto, a Saúde Livre Rede de Clínicas de Vacinas quer contribuir na preservação da saúde da população deixando clara a importância de mantermos a vacinação de rotina em todas as idades, mesmo durante a vigência do isolamento social.


Ana Carina Effting

Enfermeira Responsável Técnica

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