Portal da Cidade Lucas do Rio Verde

MUDANÇAS

Eleitorado de Lucas do Rio Verde se torna mais pragmático e conservador

Colégio eleitoral luverdense apresenta um dos perfis mais compactos do Brasil nas eleições de 2018.

Publicado em 08/10/2018 às 23:26
Atualizado em

Eleitor de Lucas do Rio Verde concentrou seus votos em candidatos mais à direita do cenário político (Foto: Reprodução)

Nas eleições deste ano, ao contrário de outros municípios brasileiros, onde a massa eleitoral se apresentou bastante pulverizada, dividindo os votos entre diversos candidatos ao mesmo cargo, o colégio eleitoral de Lucas do Rio Verde pouco dissipou suas escolhas.

Em 2018 o eleitorado luverdense se mostrou claramente mais pragmático e conservador, ao escolher candidatos cujas propostas de campanha apresentavam perfil parecido para todos os cargos. Se comparadas as agendas da maioria das candidaturas vitoriosas, são comuns a elas propostas como, por exemplo: menor intervenção estatal na economia; maior rigor no combate ao crime e na execução das penas; redução do tamanho e dos custos da máquina do Estado para o contribuinte; revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente visando a redução da maioridade penal, e; revisão do pacto federativo, com maior autonomia para estados e municípios em relação à União.

Presidente
O resultado aferido para o 1º turno da disputa pela Presidência da República deu, somadas todas as urnas do Brasil, vantagem para o candidato Jair Bolsonaro (PSL) sobre os demais concorrentes, porém, sem conseguir atingir o mínimo de 50% dos votos válidos para evitar o 2º turno das eleições. Bolsonaro recebeu 46,03% dos votos, contra 29,28% dados a Fernando Haddad (PT) e 12,47% para Ciro Gomes (PDT).

No estado, isolado apenas o escrutínio das urnas mato-grossenses, este placar muda substancialmente a favor do candidato social-liberal. Caso as eleições fossem apenas em Mato Grosso, Bolsonaro teria recebido 60,04% dos votos válidos, contra 24,76% do petista Haddad e 5,59% de Ciro Gomes.

Em Lucas do Rio Verde a tendência de concentração de votos para Bolsonaro se repete e se amplia, pois o deputado federal recebeu o apoio de 70,56% de seus eleitores, muito à frente do ex-prefeito paulistano (17,87%) e de Ciro, que ganhou apenas 4,12% dos votos da cidade.

Se, juntos, em nível nacional, os três principais candidatos aglutinaram 87,78% dos votos válidos, em solo mato-grossense essa força aumentou ainda mais, passando para 90,39% da preferência. No entanto, nem um cenário nem outro, superam os 92,55% atingidos em Lucas do Rio Verde

Governador
O mesmo fenômeno se verifica quanto à disputa pelo Palácio Paiaguás, que sequer chegou a ir para o 2º Turno, pois a chapa composta pelos ex-prefeitos Mauro Mendes (DEM) e Otaviano Pivetta (PDT) ultrapassou o mínimo exigido, atingindo 58,69% dos votos computados pelo TER-MT, muito acima dos 19,56% recebidos pelo segundo colocado, o senador Wellington Fagundes (PR), e deixando o atual governador do estado, Pedro Taques (PSDB) apenas com a terceira colocação (19%).

O colégio eleitoral de Lucas do Rio Verde concentrou 81,45% de seus votos em Mendes e Pivetta, deixando para o republicano Fagundes 9,98% de apoio e, para o tucano Taques reduzidos 7,56%.

Novamente os três primeiros colocados concentram, juntos, mais votos em Lucas do Rio Verde do que no universo total de votantes, pois, se em todo o estado mato-grossense, as três coligações receberam 97,25% dos votos, a população luverdense praticamente ignorou os demais candidatos, dando aos três 98,99% de apoio.

Senado Federal
Aparentemente menos concentrado, mas, mesmo assim também descolado da média estadual, o resultado das urnas para a escolha das duas cadeiras ao Senado Federal mostrou que o povo luverdense tem visão diferente do restante de Mato Grosso quanto aos seus representantes.

Enquanto Mato Grosso deu a vitória para a Juíza Selma Arruda (PSL) com 24,65% dos votos e ao ex-governador Jayme Campos (DEM) com 17,82%, os eleitores luverdenses escolheram Carlos Fávaro, ex-vice-governador de Mato Grosso, oferecendo a ele 34,37% dos votos, e replicando o apoio a Selma Arruda, que ficou com 29,62%. No quadro luverdense o democrata Jayme Campos saiu do segundo para o quarto lugar, recebendo apenas 9,23% do total de votos válidos, atrás inclusive de Adilton Sachetti (PRB), que recebeu em Lucas do Rio Verde 10,62%, também abaixo de sua média estadual, que foi de 12,1%.

Eleitor mais pragmático e conservador
O resultado das eleições, avalia o sociólogo Sonir Boaskevicz, demonstra que o cidadão de Lucas do Rio Verde optou por uma postura mais pragmática e conservadora na hora de escolher seus representantes, pois, se por um lado, o cidadão luverdense acompanhou o rumo tomado pelos demais brasileiros, ao renegar velhos nomes e grupos políticos envolvidos em escândalos de corrupção, por outro demonstrou claramente que deseja entregar os rumos do país e do estado nas mãos de pessoas ligadas a uma agenda mais pragmática e comprometida com reformas que afastem as superestruturas estatais do seu cotidiano.

“A agenda defendida pela esquerda brasileira deixou de encantar o eleitorado de Lucas do Rio Verde por diversos motivos: 1. Devido ao volume de escândalos envolvendo suas principais figuras representativas; 2. Porque o eleitor luverdense, mesmo o recém-chegado, entende rapidamente que é a cidade que se autoadministra e fica indignado ao saber que a maior parte dos recursos recolhidos em impostos aqui vai para Cuiabá ou para Brasília e não retorna; 3. Este eleitor não é igual ao de vinte anos atrás [...] ele lê, se informa, observa melhor a realidade à sua volta, vê o aumento da violência, o esgotamento do sistema de saúde e educacional, as sugestões de comportamento que lhe são apresentadas em horário nobre na TV e que vão contra sua base moral e religiosa, e; 4. Desde a primeira onda colonizadora desta região, quem vem para cá sonha com uma oportunidade de conquistar algo melhor do que a realidade que deixou para trás [...] quem vem para cá não quer falar de pobreza, mas de chances de se inserir no mercado de trabalho, ter sua casa própria, oferecer um futuro melhor para seus filhos, ter a oportunidade de estudar e ascender econômica e socialmente [...] e quer isso sem a tutela do Estado, sem as muletas do governo, quer fazer isso por si mesmo, pois está acostumado a ver os agentes públicos oferecerem benefícios e cobrarem a conta pelas urnas, usando posteriormente o poder conquistado para fazer do Poder Público seu balcão de negócios particular [...] e estas pessoas estão deixando de querer fazer parte deste ciclo de pactos com o diabo”, avalia.

Fonte:

Deixe seu comentário