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história

Mato Grosso, das minas de garimpo ao maior exportador de soja do Brasil

No passado, recebeu muitos homens em busca de riquezas inexploradas. Atualmente, a agropecuária se tornou o principal sistema comercial do Estado.

Publicado em 09/07/2018 às 08:12
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Quadro de Moacyr Freitas: As lavras do Sutil (Foto: Reprodução)

A terra em que vivemos atualmente já pertenceu aos espanhóis. Por volta de 1525, foram datas as primeiras excursões no Estado, quando, indo em direção à Bolívia, Pedro Aleixo Garcia navegou pelas as águas dos rios Paraná e Paraguai. Não demorou nada para que a fama de terra rica se espalhasse, atraindo à região portugueses e espanhóis em busca de riquezas inexploradas. Jesuítas espanhóis também começaram a migrar para o território, este construíram missões entre os rios por onde passavam os navegantes.

Devido a sua origem e história 'colonial', é que, durante os governos, o Brasil defendeu seu perfil territorial. Suas propriedades foram consolidadas e demarcadas até o limites do rio Guaporé e Mamoré. Após proclamação da Independência, os governos imperiais de D. Pedro I e das Regências ( 1º Império) nomearam para nossa terra cinco governantes. Os fatos mais importantes ocorridos nesses anos (07/09/1822 a 23/07/1840) foram a oficialização da Capital da Província para Cuiabá (lei nº 19 de 28/8/1835) e a 'Rusga' (movimento nativista de matança de portugueses, a 30/05/1834).

Já em 1840, mais precisamente em 23 de julho, a maioridade de Dom Pedro II foi proclamada, e com isso, Mato Grosso foi governado por 28 presidentes nomeados pelo Imperador, até a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Porém, ainda no Segundo Império (governo de D. Pedro II), outro fato importante registrado na história aconteceu quando, na tentativa de consolidar e ampliar o território, a República paraguaia declarou guerra cotra o Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra iniciou-se no dia 27 de dezembro de 1864, tornando-se conhecida como a Guerra da Tríplice Aliança, cuja qual resultou na morte do Presidente do Paraguai, Marechal Francisco Solano Lopez, em Cerro-Corá, no dia 1º de março de 1870.

Os episódios mais notáveis ocorridos em terras matogrossenses durante os 5 anos dessa guerra foram: a) o início da invasão de Mato Grosso pelas tropas paraguaias, pelas vias fluvial e terrestre; b) a heroica defesa do Forte de Coimbra.; c) o sacrifício de Antônio João Ribeiro e seus comandados no posto militar de Dourados. d) a evacuação de Corumbá; e) os preparativos para a defesa de Cuiabá e a ação do Barão de Melgaço; f) a expulsão dos inimigos do sul de Mato Grosso e a retirada da Laguna; g) a retomada de Corumbá; h) o combate do Alegre;

Sob o comando do Coronel Vicente Barrios, 4.200 homens vieram pela via fluvial, e acabaram por encontrar a resistência de Coimbra, ocupado por uma guarnição de apenas 115 homens sob o comando do tenente-coronel Hermenegildo de Albuquerque Portocarrero. Já pela via terrestre, 2.500 homens sob o comando do coronel Isidoro Rasquin chegaram ao posto militar de Dourados, se deparando com a bravura do tenente Antônio João Ribeiro e mais 15 brasileiros que se recusaram a rendição, respondendo com uma descarga de fuzilaria à ordem para que se entregassem.

Tenente Antonio João Ribeiro

Herói dos dourados

"Sei que morro, mas meu sangue e o dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria."

Tenente Antonio João Ribeiro

 

Foi nesse período em que o tenente Antônio João enviou ao Comandante Dias da Silva, de Nioaque, um bilhete que acabou tornando-se famoso: "Sei que morro, mas meu sangue e o dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria."

Desprovida de recursos para a defesa, a evacuação de Corumbá foi outro episódio notável. Através do Pantanal, toda a população caminhou a pé em direção a Cuiabá, onde chegou no dia 30 de abril de 1865.

Na Capital matogrossense, na expectativa da chegada dos inimigos, autoridades e povo começaram preparativos para a resistência. No conjunto de ações, sobressaiu-se a figura do Barão de Melgaço que foi nomeado pelo Governo para comandar a defesa de Cuiabá, organizando as fortificações de Melgaço. Se em algum momento os invasores paraguaios tinham a intenção de chegar a capital, dela desistiram quando souberam que o Comandante da defesa era o Almirante Augusto Leverger - o futuro Barão de Melgaço -, que eles já conheciam de longa data. Por fim, não subiram além da foz do rio São Lourenço.

Expulsão dos invasores do sul de Mato Grosso
Composta de soldados da Guarda Nacional e voluntários procedentes de São Paulo e Minas Gerais, o Governo Imperial determinou a organização de uma 'Coluna Expedicionária ao sul de Mato Grosso', com objetivo de repelir os invasores daquela região. Partindo do Triângulo Mineiro em direção a Cuiabá, em Coxim receberam ordens para seguirem para a fronteira do Paraguai, reprimindo os inimigos para dentro do seu território.

Entretanto, pela escassez de alimentos e de munições, a missão dos brasileiros tornava-se cada vez mais difícil. Não o bastante, as doenças oriundas das alagações do Pantanal, devastou a tropa. Ao aproximar-se a coluna da fronteira paraguaia, os problemas de alimentos e munições se agravou cada vez mais, chegando ao ponto máximo após a destruição do forte paraguaio Bela Vista, já em território inimigo. Uma vez que a situação era insustentável, o Comando brasileiro ordenou que tropa seguisse até a fazenda Laguna, em território paraguaio, que era propriedade de Solano Lopez e onde havia, segundo se propalava, grande quantidade de gado, o que não era exato.

Desse ponto, iniciou-se a famosa 'Retirada da Laguna', o mais extraordinário feito da tropa brasileira nesse conflito. Iniciada a retirada, a cavalaria e a artilharia paraguaia não davam tréguas à tropa brasileira, atacando-as diariamente. Para acúmulo dos males, veio a cólera devastar a tropa. Dentre os que morreram, estavam Guia Lopes, fazendeiro da região, que se ofereceu para conduzir a tropa pelos cerrados sul mato-grossenses, e o Coronel Camisão, Comandante das forças brasileiras. Em abril de 1867, data da entrada em território inimigo, a tropa brasileira contava com 1.680 soldados. Em 11 de junho, às margens do rio Aquidauana, foi atingido o Porto do Canuto, onde foi considerada encerrada a trágica retirada. Ali chegaram apenas 700 combatentes, sob o comando do coronel José Thomás Gonçalves, substituído de Camisão, que baixou uma 'Ordem do dia', a qual foi concluída com as palavras: "Soldados! Honra à vossa constância, que conservou ao Império os nossos canhões e as nossas bandeiras".

Origem do nome
As Minas de Mato Grosso foram descobertas e batizadas ainda em 1734 pelos irmãos Paes de Barros, que ficaram impressionados com a exuberância das 7 léguas de mato espesso presente no território. Dois séculos depois, mantendo ainda a denominação original, as terras transformaram no continental Estado de Mato Grosso. O nome colonial setecentista, por bem posto, perdurou até nossos dias. 

Em 1718, o bandeirante Pascoal Moreira Cabral Leme subiu pelo rio Coxipó e descobriu enormes jazidas de ouro. A maravilhosa descoberta deu início à 'Corrida do ouro', fato que ajudou a povoar a região. No ano seguinte, em 1719, foi fundado o Arraial de Cuiabá. Em 1726, o Arraial de Cuiabá recebeu novo nome: Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Em 1748, foi criada a capitania de Cuiabá, local em que se concedia isenções e privilégios a todo aquele que quisesse se instalar.

Pelo tratado de Madrid, as conquistas dos bandeirantes na região do Mato Grosso, foram reconhecidas em 1750. No ano seguinte, o então capitão-general do Mato Grosso, Antonio Rolim de Moura Tavares, fundou a Vila Bela da Santíssima Trindade, à margem do rio Guaporé. Entre 1761 e 1766, ocorreram disputas territoriais entre portugueses e espanhóis. Posteriormente, após o período as missões espanholas, os espanhóis se retiraram daquela região. Entretanto, o Mato Grosso somente passou a ser definitivamente território brasileiro depois que os conflitos por fronteira com os espanhóis deixaram de acontecer, em 1802.

Num primeiro arraial, São Gonçalo Velho, situado nas margens do rio Coxipó em sua confluência com o rio Cuiabá, Pascoal Moreira Cabral e seus bandeirantes paulistas, em busca de índios e ouro, fundaram Cuiabá em 8 de abril de 1719.

Em 1º de janeiro de 1727, o arraial foi elevado à categoria de vila por ato do Capitão General de São Paulo, Dom Rodrigo César de Menezes. Numa obsessão institucional pela arrecadação dos quintos de ouro, a presença do governante paulista nas Minas do Cuiabá resultou em verdadeira extorsão fiscal sobre os mineiros. Tal fato somado à gradual diminuição da produção das lavras auríferas, fizeram com que os bandeirantes pioneiros fossem buscar o seu ouro cada vez mais longe das autoridades cuiabanas. 

Em 1734, a Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá estava quase despovoada, os irmãos Fernando e Artur Paes de Barros, atrás dos índios Parecis, descobriram veio aurífero. Os irmãos decidiram denominar o local da descoberta de Minas do Mato Grosso, situadas nas margens do rio Galera, no vale do Guaporé. Os Anais de Vila Bela da Santíssima Trindade foram escritos em 1754 pelo escrivão da Câmara, Francisco Caetano Borges. Citando o nome 'Mato Grosso', assim nos explicam: 

"Saiu da Vila do Cuiabá Fernando Paes de Barros com seu irmão Artur Paes, naturais de Sorocaba, e sendo o gentio Pareci naquele tempo o mais procurado, [...] cursaram mais ao Poente delas com o mesmo intento, arranchando-se em um ribeirão que deságua no rio da Galera, o qual corre do Nascente a buscar o rio Guaporé, e aquele nasce nas fraldas da Serra chamada hoje a Chapada de São Francisco Xavier do Mato Grosso, da parte Oriental, fazendo experiência de ouro, tiraram nele três quartos de uma oitava na era de 1734". 

Assim sendo, ainda em 1754, vinte anos após descobertas as Minas do Mato Grosso, pela primeira vez o histórico dessas minas foi relatado num documento oficial, onde foi alocado o termo Mato Grosso, e identificado o local onde estas se achavam. 

Posteriormente, ao se criar a Capitania por Carta Régia de 9 de maio de 1748, o governo português assim se manifestou:

"Dom João, por Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, [...] Faço saber a vós, Gomes Freire de Andrade, Governador e Capitão General do Rio de Janeiro, que por resoluto se criem de novo dois governos, um nas Minas de Goiás, outro nas de Cuiabá  [...] por onde parte o mesmo governo de São Paulo com os de Pernambuco e Maranhão e os confins do Governo de Mato Grosso e Cuiabá [...]". 

Apesar de não denominar a Capitania expressamente com o nome de Mato Grosso, somente referindo-se às minas de Cuiabá, no fim do texto da Carta Régia, é denominado plenamente o novo governo como sendo de ambas as minas, Mato Grosso e Cuiabá. Isso ressalva, na realidade, a intenção portuguesa de dar à Capitania o mesmo nome posto anos antes pelos irmãos Paes de Barros. Assim, a consolidação do nome Mato Grosso veio rápido. A Rainha D. Mariana de Áustria, ao nomear Dom Antonio Rolim de Moura como Capitão General, na Carta Patente de 25 de setembro de 1748, assim se expressa: 

"[...]; Hei por bem de o nomear como pela presente o nomeio no cargo de Governador e Capitão General da Capitania de Mato Grosso, por tempo de três anos [...]". 

A mesma Rainha, no ano seguinte, a 19 de janeiro, entrega a Dom Rolim a suas famosas Instruções, que determinariam as orientações para a administração da Capitania, em especial os tratos com a fronteira do reino espanhol. Assim nos diz o documento: 

"[...] fui servido criar uma Capitania Geral com o nome de Mato Grosso [...] § 1o - [...] atendendo que no Mato Grosso se requer maior vigilância por causa da vizinhança que tem, houve por bem determinar que a cabeça do governo se pusesse no mesmo distrito do Mato Grosso [...]; § 2o - Por se ter entendido que Mato Grosso é a chave e o propugnáculo do sertão do Brasil [...]". 

E a partir daí, da Carta Patente e das Instruções da Rainha, o governo colonial mais longínquo, mais ao oriente em terras portuguesas na América, passou a se chamar de Capitania de Mato Grosso, tanto nos documentos oficiais como no trato diário por sua própria população. Logo se assimilou o nome institucional Mato Grosso em desfavor do nome Cuiabá. A vigilância e proteção da fronteira oeste era mais importante que as combalidas minas cuiabanas. A prioridade era Mato Grosso e não Cuiabá. 

Com a independência do Brasil em 1822, passou a ser a Província de Mato Grosso, e com a República em 1899, a denominação passou a Estado de Mato Grosso. 

A partir do início do século XIX, a extração de ouro diminui bastante, dessa maneira, a economia começa um período de decadência e a população para de crescer. Em 1892, contra o governo do então presidente Marechal Floriano Peixoto, os militares e civis dão início a um movimento separatista. O movimento acabou sufocado por intervenção do governo federal.

Mais tarde, com a implantação de estradas de ferro e telégrafos, a economia começa a melhorar, na mesma época em que começam a chegar seringueiros, pessoas que cultivaram erva-mate e criadores de gado.

Em 1977, Mato Grosso é desmembrado em dois estados: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A pecuária e a agricultura se tornaram os principais sistemas comerciais do Estado. Entre os 10 municípios mais ricos do Centro-Oeste, 8 são de Mato Grosso, além disso, é um dos maiores estados em relação à exploração de minérios.

Devido ao crescimento econômico propiciado pelas exportações, Mato Grosso tornou-se um dos principais produtores e exportadores de soja do Brasil, e atualmente, o crescimento na região de Sinop, Sorriso, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Matupá se mostra um forte propulsor para o contínuo desenvolvimento econômico do estado. 


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