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Ágio da arroba do bezerro sobre boi gordo aumenta e pressiona poder de compra

Escassez de oferta tornou a valorização do bezerro bem mais intensa do que a do boi gordo, tornando mais difícil o equilíbrio financeiro de quem investe

Publicado em 10/04/2021 às 22:25

(Foto: Canal Rural)

O preço do bezerro tem valorizado a passos mais largos que o do boi gordo. No primeiro bimestre, o ágio do animal de cria subiu 2,61 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a 23,64% segundo o Imea. Já no comparativo entre os meses de março e fevereiro deste ano, a diferença ficou ainda maior: 26,5%. O ágio, neste caso, é quando o quilo da carcaça do bezerro custa mais que o quilo da carcaça do mesmo animal transformado em boi gordo.

Para Francisco Manzi, que é diretor-técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) o aumento é consequência do momento em que se encontra o ciclo da pecuária. “Nós tivemos um abate muito grande de matrizes e agora falta bezerro. Quando isso é associado ao preço mais alto das rações e ao custo de produção do próprio criador, faz com que nós tenhamos atingido este número histórico”, pontua.

O ágio é considerado um importante balizador na rentabilidade do pecuarista que investe em recria e engorda, especialmente nos momentos de transição no ciclo pecuário. De acordo com a Acrimat, a maior diferença pressiona ainda mais o poder de compra dos recriadores e confinadores.

“Se o bezerro estivesse sendo vendido a preço de corte, um animal com 6 arrobas – por exemplo – a um preço médio de R$ 300/@ aqui em Mato Grosso, seria vendido por R$ 1.800,00. Só que este animal está sendo comercializado hoje por R$ 3.000,00. Ou seja, o invernista e o recriador, quando ele compra esse bezerro e paga esse valor, ele tem que diluir esses R$ 1.200,00 a mais ao longo das próximas arrobas que ele vai ter que produzir para entregar no frigorífico. Ou seja, ele já chega com um déficit de R$ 1.200,00 para ser amortizado ao longo da engorda”, analisa Manzi.

O diretor-técnico da Acrimat aponta que a eficiência dentro da porteira se torna ainda mais importante neste momento. “O pecuarista tem que ser altamente eficiente nas contas. É preciso saber comprar bem os animais, ser eficiente da porteira pra dentro, na escolha da genética e também na negociação de venda, trabalhar com escala, com maximização da mão-de-obra, buscar profissionalismo cada vez maior”, afirma.

Com a oferta restrita de bezerros, a expectativa é de que o indicador permaneça em patamares elevados no curto e médio prazos… o que, na avaliação da Acrimat, tende a impactar no volume de animais confinados em 2021. “Conversando informalmente com alguns confinadores, eles nos disseram que as contas estão muito apertadas. Eles não estão conseguindo nem travar o preço futuro do boi e nem comprar milho a um preço razoável. Essa arroba (valorizada) para exportação não tem sido suficiente para tranquilizar os confinadores a ponto de garantir que eles mantenham toda estrutura funcionando. Ano passado tivemos quase 15% de redução no volume de animais confinados em Mato Grosso e este ano, a tendência é que o volume seja igual ao do ano passado ou mais baixo que isso”, conclui.


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